História da Raça
O cane corso é considerado um descendente direto do mítico canis pugnax, do latim, que em português pode ser traduzido como cão de guerra, um antigo tipo extinto de cão molossóide utilizado pelos romanos em todo o Império em atividades de guerra, combate para entretenimento, caça de grandes animais, e também como cães de guarda de vilas, prédios públicos e casas particulares, onde ainda hoje é possível encontrar os famosos mosaicos cave canem que avisavam sobre a possível presença destes cães guardiões, que ficavam presos em correntes durante o dia nas entradas e soltos durante a noite. Provavelmente estes cães possuíam também orelhas e cauda cortadas.
O nome da raça muito provavelmente deriva de "cane da corso", um termo italiano antigo para definir os cães de presa utilizados em atividades rurais (para guiar e controlar o gado e os suínos; e para caçar o javali). Mas não foi o único termo que nomeou a raça ao longo do tempo. Este termo é distinto de "cane da camera", que servia para identificar os cães de presa que eram mantidos como cães de guarda. No passado recente, a sua distribuição foi limitada apenas a algumas regiões do sul da Itália, especialmente à Basilicata, Campânia e Apúlia.
O cane corso é um cão de presa, usado no controlo de gado bovino e suíno, e também na caça ao javali. Os exemplares desta raça ancestral italiana eram utilizados para guardar propriedades e o gado contra ladrões e predadores perigosos. Alguns continuam a ser utilizados para este propósito ainda hoje. Historicamente têm sido também utilizados por guardas noturnos e vigilantes, e como cães de combate utilizado na guerra, e, no passado, por carroceiros como condutores de gado. Num passado ainda mais remoto, esta raça era comum por toda a Itália, servindo como um grande testemunho iconográfico e histórico da região.
Com as guerras mundiais e a mudança de vida nas zonas rurais do sul da Itália no século XX, o cane corso começou a tornar-se cada vez mais raro. Um grupo de entusiastas, liderados por Paolo Breber, "descobriu" a raça esquecida e começou a recuperá-la reunindo os últimos exemplares, para trazê-la de volta a partir da sua quase extinção, no final dos anos 1970.
Alguns dos criadores pioneiros atestam que após o início da recuperação da raça, alguns novos criadores utilizaram-se de mestiçagens para desenvolver cães de acordo com suas preferências pessoais, sem se preocupar com a preservação da genética da raça em sua essência original ou com a sua saúde e funcionalidade. E por consequência surgiram cães com características não naturais da raça, à exemplo do prognatismo e focinho quase achatado, que teria sido adquirido com a mescla com Boxer e Dogue de Bordeaux. Sobre este tema, Federico Lavanche, um criador purista da raça cane corso, cita:
Em 1994, a raça foi totalmente aceita pelo Kennel Club Italiano (ENCI) como a 14ª raça de cães italiana. Um cão macho chamado Basir foi considerado como exemplo ideal da raça e progenitor do cane corso moderno.
A FCI provisoriamente aceitou o Corso em 1997 e, dez anos depois, oficializou o reconhecimento internacionalmente.
Etimologia
Levando em consideração a língua italiana moderna, "cane corso" significaria "Cão da Córsega". Porém, apesar de existirem citações seculares a cães da Córsega (Córsega é uma ilha francesa bem próxima à Itália), a verdadeira etimologia da nomeação da raça é imprecisa. Segundo alguns autores, "Corso" advém do substantivo feminino em Latim Cohors que significa "quintal", "Pátio". Neste caso cane corso pode ser interpretado como "Cão de quintal"; "Cão que guarda o quintal/propriedade"; ou até "Cão de fazenda", já que tradicionalmente a raça é utilizada para guarda de fazendas. Outros relatam também a possibilidade de "corso" derivar do termo Celta "coarse", que significa "robusto".